A CERÂMICA
A CERÂMICA
Preparação
 A argila é, desde tempos imemoriais, considerada indispensável à vida produtiva do homem. Isso se deve à sua plasticidade, quando em estado natural, e à sua consequente rigidez, depois de submetida a altas temperaturas, possibilitando com isso a produção de objetos.
 A argila é um recurso natural e é obtida em jazidas de barro. Essa matéria-prima pode variar de acordo com sua maleabilidade, sua coloração, sua aderência ou deslize, dando maior ou menor constância aos resultados da cerâmica.
 Uma vez extraída, ela deve ser moída e peneirada, sendo, em seguida, misturada com água. Depois, essa mistura descansa até que seque parte de sua umidade. Durante a secagem, ela é separada e organizada em blocos, para que possa ser armazenada e utilizada conforme a necessidade.

Pronto! Agora é só botar a mão na massa.
Modelagem
 Essa é a hora de liberar a imaginação. Pega-se a massa bruta – a argila – para começar a lhe dar feitio. Essa modelagem pode tanto ser inteiramente feita à mão – repuxando ou juntando elementos em pedaços ou em forma de espaguete – quanto com o auxílio do torno, também conhecido como roda de oleiro. Outros acessórios e ferramentas de tornear e polir se juntam ao processo.
 No que se refere ao trabalho no torno, é preciso que o bloco de argila esteja bem amassado, e que, em formato esférico ou cônico, seja posicionado precisamente no centro do prato giratório. A partir disso, há um entrelaçamento do giro do torno com as mãos, as pernas, os cotovelos, os músculos, os olhos… É o corpo e alguns de seus sentidos envolvidos com as imperfeições da forma original rumo à forma desejada, que pode variar do mais simples utensílio ao mais sofisticado objeto de arte.
Secagem
 Em função da umidade necessária para a modelação da argila, é necessário que a peça passe por um processo de secagem. A secagem é a eliminação que se faz da água antes de se levar o artefato ao forno.
 Essa etapa é importante porque, com a evaporação, há uma redução no volume e no peso da peça, e, dependendo dos padrões utilizados no processo de secagem, essa peça pode apresentar graus de contração que produzirão defeitos no seu processo seguinte, que é o da queima.
 No processo de secagem, evapora primeiro a água da superfície e, numa segunda fase, mais demorada, começa a evaporação da parte interna. Saber observar o processo de evaporação, lento ou rápido dependendo das condições ambientais, e também a retração do objeto, para determinar a hora certa de concluir o processo de secagem, podem reduzir os defeitos que poderão ocorrer durante a queima.
Queima
 É na queima que a argila se transforma em cerâmica. As altas temperaturas, que variam de 600°C a 1400°C conforme o tipo de forno utilizado, produzem alterações químicas e físicas no material que, quando queimado, ganha resistência e impermeabilidade. O forno Noborigama, tradicional japonês, é um dos tipos de forno usado para a queima em nosso ateliê. A arte da construção desse forno foi trazida para o Brasil nos anos de 1960. É um forno que utiliza lenha e é construído em declive de forma a aproveitar a inclinação do terreno.
 Sua queima exige a presença humana durante todas as horas em que as peças estão expostas ao calor (que pode chegar a 30 horas), pois é necessário fazer o controle da temperatura, que é diferente em cada etapa do processo de queima. Esse forno diferencia-se dos demais com relação aos efeitos que se pode criar sobre a superfície dos objetos, porque o objeto fica em contato com as chamas. Após a cozedura, a cor da argila, transformada em cerâmica, fica modificada.
Esmaltação
 Os esmaltes para cerâmica podem ser preparados artesanalmente ou podem ser comprados prontos. No ateliê, os esmaltes são preparados artesanalmente. A esmaltação é feita depois da primeira queima (biscoito), no momento em que ainda há uma certa porosidade do material para absorver a água, que é o solvente. Depois de esmaltada, a peça volta para queima para fixar o esmalte, e diferentes temperaturas de queima devem ser utilizadas, dependendo do tipo de esmalte empregado.
 A cor passará por uma alteração durante a queima devida à ação das chamas e das cinzas, ou seja, é necessário se fazer um estudo de cores. São feitos diversos ensaios até combinar o esmalte com a temperatura do forno.
Abertura de Fornada
 A abertura das fornadas é um evento especial na cidade de Cunha. Foi feita pela primeira vez, em 1988, como meio de divulgação da produção ceramista da cidade. Familiares e amigos, naquela ocasião, foram convidados a compartilhar o momento-surpresa em que as peças recém-queimadas saíam do forno. Consequentemente, já visitavam as exposições e ficavam a par do processo de produção.
 O evento teve grande repercussão e, nos anos seguintes, num movimento de reciprocidade, serviu de mote para a divulgação turística da cidade, ao mesmo tempo em que se beneficiou comercialmente desse aumento de circulação de pessoas que eram potencialmente interessadas em conhecer o processo de elaboração das peças, bem como consumir essa produção. A aproximação, portanto, entre público e ceramistas foi uma troca favorável entre o conhecimento dos mestres e a curiosidade, dos aprendizes, pelas técnicas de se fazer cerâmica, e, sob outra perspectiva, uma boa troca comercial entre produtores e consumidores.
 A abertura das fornadas, como se pode ver, não abriu apenas as portas do forno Noborigama a seus visitantes. Ela abriu as portas da cidade para o resto do mundo.
Preparação
 A argila é, desde tempos imemoriais, considerada indispensável à vida produtiva do homem. Isso se deve à sua plasticidade, quando em estado natural, e à sua consequente rigidez, depois de submetida a altas temperaturas, possibilitando com isso a produção de objetos.
 A argila é um recurso natural e é obtida em jazidas de barro. Essa matéria-prima pode variar de acordo com sua maleabilidade, sua coloração, sua aderência ou deslize, dando maior ou menor constância aos resultados da cerâmica.
 Uma vez extraída, ela deve ser moída e peneirada, sendo, em seguida, misturada com água. Depois, essa mistura descansa até que seque parte de sua umidade. Durante a secagem, ela é separada e organizada em blocos, para que possa ser armazenada e utilizada conforme a necessidade.

Pronto! Agora é só botar a mão na massa.
Modelagem
 Essa é a hora de liberar a imaginação. Pega-se a massa bruta – a argila – para começar a lhe dar feitio. Essa modelagem pode tanto ser inteiramente feita à mão – repuxando ou juntando elementos em pedaços ou em forma de espaguete – quanto com o auxílio do torno, também conhecido como roda de oleiro. Outros acessórios e ferramentas de tornear e polir se juntam ao processo.
 No que se refere ao trabalho no torno, é preciso que o bloco de argila esteja bem amassado, e que, em formato esférico ou cônico, seja posicionado precisamente no centro do prato giratório. A partir disso, há um entrelaçamento do giro do torno com as mãos, as pernas, os cotovelos, os músculos, os olhos… É o corpo e alguns de seus sentidos envolvidos com as imperfeições da forma original rumo à forma desejada, que pode variar do mais simples utensílio ao mais sofisticado objeto de arte.
Secagem
 Em função da umidade necessária para a modelação da argila, é necessário que a peça passe por um processo de secagem. A secagem é a eliminação que se faz da água antes de se levar o artefato ao forno.
 Essa etapa é importante porque, com a evaporação, há uma redução no volume e no peso da peça, e, dependendo dos padrões utilizados no processo de secagem, essa peça pode apresentar graus de contração que produzirão defeitos no seu processo seguinte, que é o da queima.
 No processo de secagem, evapora primeiro a água da superfície e, numa segunda fase, mais demorada, começa a evaporação da parte interna. Saber observar o processo de evaporação, lento ou rápido dependendo das condições ambientais, e também a retração do objeto, para determinar a hora certa de concluir o processo de secagem, podem reduzir os defeitos que poderão ocorrer durante a queima.
Queima
 É na queima que a argila se transforma em cerâmica. As altas temperaturas, que variam de 600°C a 1400°C conforme o tipo de forno utilizado, produzem alterações químicas e físicas no material que, quando queimado, ganha resistência e impermeabilidade. O forno Noborigama, tradicional japonês, é um dos tipos de forno usado para a queima em nosso ateliê. A arte da construção desse forno foi trazida para o Brasil nos anos de 1960. É um forno que utiliza lenha e é construído em declive de forma a aproveitar a inclinação do terreno.
 Sua queima exige a presença humana durante todas as horas em que as peças estão expostas ao calor (que pode chegar a 30 horas), pois é necessário fazer o controle da temperatura, que é diferente em cada etapa do processo de queima. Esse forno diferencia-se dos demais com relação aos efeitos que se pode criar sobre a superfície dos objetos, porque o objeto fica em contato com as chamas. Após a cozedura, a cor da argila, transformada em cerâmica, fica modificada.
Esmaltação
 Os esmaltes para cerâmica podem ser preparados artesanalmente ou podem ser comprados prontos. No ateliê, os esmaltes são preparados artesanalmente. A esmaltação é feita depois da primeira queima (biscoito), no momento em que ainda há uma certa porosidade do material para absorver a água, que é o solvente. Depois de esmaltada, a peça volta para queima para fixar o esmalte, e diferentes temperaturas de queima devem ser utilizadas, dependendo do tipo de esmalte empregado.
 A cor passará por uma alteração durante a queima devida à ação das chamas e das cinzas, ou seja, é necessário se fazer um estudo de cores. São feitos diversos ensaios até combinar o esmalte com a temperatura do forno.
Abertura de Fornada
 A abertura das fornadas é um evento especial na cidade de Cunha. Foi feita pela primeira vez, em 1988, como meio de divulgação da produção ceramista da cidade. Familiares e amigos, naquela ocasião, foram convidados a compartilhar o momento-surpresa em que as peças recém-queimadas saíam do forno. Consequentemente, já visitavam as exposições e ficavam a par do processo de produção.
 O evento teve grande repercussão e, nos anos seguintes, num movimento de reciprocidade, serviu de mote para a divulgação turística da cidade, ao mesmo tempo em que se beneficiou comercialmente desse aumento de circulação de pessoas que eram potencialmente interessadas em conhecer o processo de elaboração das peças, bem como consumir essa produção. A aproximação, portanto, entre público e ceramistas foi uma troca favorável entre o conhecimento dos mestres e a curiosidade, dos aprendizes, pelas técnicas de se fazer cerâmica, e, sob outra perspectiva, uma boa troca comercial entre produtores e consumidores.
 A abertura das fornadas, como se pode ver, não abriu apenas as portas do forno Noborigama a seus visitantes. Ela abriu as portas da cidade para o resto do mundo.